CRÓNICAS MATINAIS
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CRÓNICAS MATINAIS 〰️
B35. Morremos devagar ao normalizar
Assusta-me viver numa era
em que tudo é normal.
Normalizamos tudo,
até as feridas que ardem no peito.
B33. Nem todos os dias precisam de ser intensos
Hoje o sol nasceu a fazer-se despercebido.
Espreitou por entre as nuvens e
espalhou a beleza serena do amanhecer.
Numa presença discreta — limitou-se a ser.
B32. Quando o medo se disfarça de pressa
Nem tudo o que custa é resistência.
Às vezes, é a vida a pedir:
que fique,que sinta,
que olhe mais fundo.
B31. Uma prisão disfarçada de sabedoria
Romantizou-se a dor.
Fez-se dela um altar, um mestre, um caminho inevitável.
Diz-se que é preciso quebrar para reconstruir,
sofrer para saber, perder para valorizar.
B29. É um caminho sem fim que me leva sempre de volta a mim
A dor é apenas a ponta do iceberg — um convite silencioso do inconsciente para mergulharmos até à raiz do problema. Voltará quantas vezes forem necessárias, assumindo diferentes nomes, formas e intensidades, até que tenhamos a coragem de a encarar de frente. Não como um castigo, mas como um mestre.
B28. As melhores loucuras são as que me alimentam a alma
As melhores loucuras são as que me alimentam a alma. Dão-me sentido, nutrem-me por dentro e fazem-me sentir viva. Madrugar é uma delas – e vale cada instante.
B27. Há uma verdade que só o silêncio conhece. E talvez seja essa a história que mais importa
Há alguns anos, tenho procurado, no meu dia a dia, momentos de silêncio—instantes em que me desligo de tudo, abro os ouvidos do coração e desperto a mente para o agora.
B26. Hoje está difícil, mas não deixamos de aparecer
Há dias em que a tempestade sou eu, e nesses dias reencontro-me na chuva. Há momentos em que a tempestade me reflete com exatidão.
B25. Que este dia seja um compromisso para fazermos o que sentimos ser o certo
Houve um tempo em que não compreendia o significado deste dia. Admito que, por vezes, senti até uma certa discriminação.
B24. Eu sou o meu denominador comum a presença ininterrupta do meu próprio caminho
Desde o primeiro instante até este momento, sou a presença ininterrupta no meu próprio caminho, o denominador comum da minha existência.
B23. É pelo caminho que nos descobrimos por inteiro
Por mais bela que seja a foto. Por mais profundo que soe o texto. Por mais vibrante que ecoe a música. Nada se compara ao toque genuíno da experiência. Ao sentir sem filtros. Ao viver sem molduras.
B19. Ao fecharmos a porta que nos pode magoar também fechamos a porta que nos pode curar
Hoje acordei com a notificação: “É necessário alterar a sua palavra-passe.” Mais do que um simples lembrete técnico, ecoou em mim como um convite para mergulhar nas minhas barreiras internas — as defesas, as crenças, os mecanismos de proteção.
B18. É na escuridão que te vês por inteiro
É quando tudo escurece
Que as estrelas aparecem.
É quando tudo fica escuro
Que descobres quem és.
B14. Desconectados para conectar - o paradoxo da hiperconexão digital
É curioso como, nos momentos em que o ecrã escurece e o sinal desaparece, sinto uma estranha liberdade. Sem o peso das notificações, sem a urgência de responder - reencontro-me de verdade
B13. Amar é liberdade - é permitir que o outro seja quem é, que voe para onde precisa, e ainda assim continuar a amar
O amor, quando vivido na sua plenitude, transcende as barreiras do que é apenas romântico e torna-se uma filosofia de vida.
B12. Há sítios de onde partimos, nos quais permanecemos e permanecem em nós
Ainda estou a processar estes últimos dias e a incrível experiência que foi subir o majestoso Kilimanjaro…
B11. Com intenção nutro os sentimentos que me fazem feliz
Estou prestes a embarcar numa das viagens que sempre vivi na minha imaginação: subir o Kilimanjaro..
B9. Sempre que vou ao meu limite, transformo-me
Sempre que vou ao meu limite, transformo-me! Acedo a uma nova dimensão que me faz deslumbrar!
B8. Ver o outro através do seu olhar, sem julgar
“O que faria eu se estivesse naquela situação?”
Pode parecer um exercício de empatia, mas, na verdade, reflete mais sobre mim do que sobre o outro.