B29. É um caminho sem fim que me leva sempre de volta a mim
A dor é apenas a ponta do iceberg — um convite silencioso do inconsciente para mergulharmos até à raiz do problema. Voltará quantas vezes forem necessárias, assumindo diferentes nomes, formas e intensidades, até que tenhamos a coragem de a encarar de frente. Não como um castigo, mas como um mestre.
Só quando nos permitimos vê-la, compreendê-la e senti-la é que conseguimos agir de forma diferente — com o verdadeiro antídoto para a causa raiz. É nesse instante que se dá a libertação, e a cura torna-se real. Deixamos de repetir padrões inconscientes e passamos a escolher, com intenção, um novo caminho.
Integramos a sombra — não para a apagar, mas para a reconhecer como parte de nós. O que antes nos aprisionava perde o poder, dando lugar a uma luz imensa, capaz de iluminar cada recanto esquecido da nossa essência. Quando nos redescobrimos, é um verdadeiro “wow”. Um instante de clareza: um peso que se desfaz no peito, um ciclo que finalmente se fecha, um silêncio que antes era desconfortável e que agora se torna lar. É a sensação de voltar a casa — dentro de nós mesmos.
Pelo caminho, atrairemos pessoas e circunstâncias que nos ajudarão a explorar a parte submersa do iceberg. Às vezes como aliados, outras vezes como desafios que espelham as nossas próprias feridas. E sim, vai doer — sempre. Mas a dor não é o problema. O sofrimento prolongado vem da resistência, da luta contra aquilo que pede para ser olhado. A melhor escolha é aceitar o convite para nos conhecermos e aprender a transformar essa dor em consciência.
É uma viagem sem fim, que nos leva aos lugares mais bonitos. Mas para os descobrirmos, é preciso atravessar as tempestades internas, enfrentar os ventos da mudança e confiar que, do outro lado, há um horizonte maior.
É um desconforto necessário, que nos impulsiona rumo à individualização. À aceitação. À integração do Eu.
Tudo o que precisamos já está em nós. A questão não é se temos as respostas — é se estamos prontos para ouvi-las.
Durante muito tempo, acreditei que devia procurar fora. Até perceber que tudo o que preciso está em mim. A vida ensina. E quem tiver disposto a escutar, encontrará sempre o caminho de volta a si mesmo.