B19. Ao fecharmos a porta que nos pode magoar também fechamos a porta que nos pode curar

Hoje acordei com a notificação: “É necessário alterar a sua palavra-passe.” Mais do que um simples lembrete técnico, ecoou em mim como um convite para mergulhar nas minhas barreiras internas — as defesas, as crenças, os mecanismos de proteção.

Percebi que, tal como as palavras-passe digitais que uso todos os dias, também as crenças que carrego têm funcionado como proteções internas. Estão tão bem enraizadas que as utilizo sem sequer as questionar.

Hoje, logo pela manhã, adiei a rotina e refleti:

  • Que crenças tenho que me estão a enfraquecer?

  • Que armaduras carrego que me atrasam o caminhar?

  • Que lugares não estou a explorar por ter um acesso condicionado?

Caí na conta da necessidade de fazer uma “revisão geral periódica interior” sempre que a notificação aparecer.

Fechamo-nos tanto. Blindamo-nos — contra tudo e contra todos. E, sem perceber, deixamos de viver. Isolamo-nos como ilhas e esquecemos que, ao fecharmos a porta ao que nos pode magoar, também trancamos a entrada do que nos pode curar.

Percebi que se, a cada interação e experiência, for adicionando mais camadas de proteção sem fazer uma limpeza periódica, vou acabar por construir um sistema tão complexo que, ao mesmo tempo que me protege, também me aprisiona.

E isso faz-me pensar:

Qual é o verdadeiro custo de manter tanta segurança?

Foto: @ImageGenerator

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